A maior virtude de Tony Kanaan como piloto, todos sabem, é como ele sabe controlar o carro nas relargadas da Indy. Pneus frios e onde os outros aliviam ele ataca. Se não fosse assim não teria saído da décima segunda colocação no grid para a liderança da prova ainda antes das primeiras quinze voltas. Não fosse essa habilidade teria perdido a única chance de vencer a corrida que lhe faltava, quando a quatro voltas do final a última bandeira verde foi mostrada aos pilotos. Tony pulou logo de segundo para primeiro e parecia saber que o que seria uma corrida de três voltas virou uma corrida de apenas três curvas.
O cara em cuja carreira tinha conquistado quase tudo menos o mais importante. O dia do reinício para TK foi este último domingo de maio de dois mil e treze, um dia cinzento em Indianápolis como alguns dos outros onze dias de corrida de 500 Milhas que o Tony passou. O dia em que mais uma vez Tony fez tudo do mesmo jeito que das outras vezes: começou no ataque, acompanhou os líderes e não se importou em liderar de cara pro vento, gastando mais combustível. Liderou aqueles que tinham melhor ritmo de corrida e com eles arrastou olhares do mundo todo e de todo mundo que estava nas arquibancadas da maior arena do mundo. Exatamente como em várias das outras onze vezes em que esteve ali.
“Desta vez eu tive sorte.” disse Tony Kanaan de forma bem simples ao repórter da ABC logo depois da chegada, quando este lhe perguntou o que é que ele fez diferente este ano. Ainda banhado de leite não fez qualquer apologia às suas origens, apesar das muitas bandeiras brasileiras que tentaram lhe entregar. Ele sabia e sabe, que no automobilismo a sua nação é aquele grupo que trabalhou junto pra construir o resultado. Ele sabe que o solista, o piloto, é só mais um na orquestra que sonoriza a paixão de tantos fãs. E ele abraçou a todos da equipe, ainda no Victory Lane. Chorou debaixo do capacete um pouco antes durante as voltas finais em bandeira amarela e por isso estava sóbrio das emoções dessa conquista, quando passou a falar com a imprensa. Teve clareza pra brincar nas respostas sem escorregar qualquer bravata sobre essa vitória, improvável diante de pelo menos oito carros mais competitivos que o dele.
Quem vence em Indianapolis amigos, é assim, já aprendeu a respeitar a pista e seus adversários, já viu de tudo um pouco e sabe que se vencer é difícil, em Indianapolis é muito mais. Alguns podem até achar que Helio Castroneves e Dario Franchitti, donos de três vitórias cada, sejam menos respeitosos, mas eles sabem muito bem como tiveram que suar pra cada triunfo. Viciados nesse sabor, que Tony agora tem na boca, eles sempre retornam em busca de mais. Desencantado, Tony agora entra pro rol de viciados e, podem ter certeza, já tem na boca o gosto de quero mais.
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